segunda-feira, 12 de março de 2018

Banda de Pífanos de Caruaru

No começo dos anos 70 a aparição de duas músicas da Banda de Pífanos de Caruaru na trilha sonora dos filmes "Terra sem Deus " e "Faustão" marcaram a incursão deste gênero na indústria fonográfica brasileira. Até então nenhum grupo de pífanos tinha gravado seus rupestres toques, seja em disco 78 rpm ou LP.

Tendo os irmãos Sebastião e Benedito Biano como arrimo, o grupo é hoje o mais importante no gênero, com apresentações em importantes festivais na Europa. Para entender a tradição da família Biano, o navegador viaja até o ano de 1924, no sertão alagoano, um ano após da prisão de Antônio Silvino, o cangaceiro mais famoso da época.

Nesta data, um caboclo chamado Manoel Clarindo Biano, casado com Dona Maria Pastora da Conceição, cabôca qui nem ele, herdou de seu pai quatro instrumentos: um bombo(tambor afinado a corda.) um prato e dois pífanos de taboca.

Mais do que os instrumentos, entretanto, seu Manuel herdava a obrigação de não deixar morrer a tradicional Zabumba Cabaçal, criada por seu avô, e que seu pai preservava com todo o carinho. Tratou logo de ensinar os antigos toques-muito dos quais aprendidos com os índios-aos filhos Sebastião, de 5 anos, e Benedito, de 11. Recrutou depois o amigo Martinho Grandão pra assumir a caixa e o próprio Manoel se ocupou do bombo.

Seus toques sincopados, ricos em melodia e de atmosfera pastoril ecoavam pelas rifas, casórios, novenas, enterros, missas e o que viesse. A família Biano percorreu quase todo o sertão entre as Alagoas e Pernambuco procurando bons lugares para se instalar. Os instrumentos iam sempre no lombo de algum animal e paravam em qualquer arraial que tivesse feira para descolar uns trocos.

Nessa pisada mambembe foram bater lá na região do agreste pernambucano, em Caruaru, a capital do forró que os consagraria. Chegaram em 15 de julho de 1939, e foram morar em Contendo, nas proximidades da zona urbana. Por lá continuaram com seus shows, já sob o nome de Zabumba dos Contendo.

O ano de 55 registraria a perda do patriarca Manoel Biano. Em suas últimas horas, pediu aos seus dois filhos que honrassem a tradição de seus antepassados e se juntassem aos familiares Luiz, de 9 anos, Amaro, de 10 anos, (filhos de Sebastião) Gilberto, de 15 anos, e João, de 11 anos (filhos de Benedito) e formassem uma nova bandinha, prontamente batizada com o nome de Banda de Pífanos de Caruaru.

Após a saída de Luiz, a banda ficou assim formada: 1º pífano: Sebastião, 2º pífano: Benedito, surdo - Amaro, tarol- Gilberto pratos -José e bombo - João, este último, de 8 anos, substituindo Luiz.

Eles que afinem, pelo meu instrumento

Mas as coisas só iam acontecer mesmo após Gilberto Gil em suas andanças e pesquisas tropicalistas "descobrir" a banda e gravar o tema Pipoca Moderna , de Sebastião Biano em parceria com Caetano Veloso. Até então viviam em uma roça próxima a Caruaru, onde subsistiam plantando mandioca e feijão.

Após o resgate, feito em 72, a Banda de Pífanos grava o seu primeiro, LP, intitulado "Banda de Pífano Zabumba Caruaru".

No mesmo ano em que gravam o primeiro disco se transferem para São Paulo, onde foram convidados a soprar seus pífanos em documentários, espetáculos e discos de outros artistas. Benedito era analfabeto e fabricava seus próprios pífanos. Quando tocava em espetáculos sempre dizia: "eles que afinem pelo meu instrumento, porque aqui entre nós é proibido se meter a entender de escala".

No ano seguinte, continuaram se apresentando em São Paulo e gravaram "Bandinha de Pífano Zabumba Caruaru, VOL 2", CBS. A inspiração tiravam da vivência sertaneja; o ronco remoente do carro de boi, o canto do bem-te-vi, brigas entre bichos, todos os motivos alegóricos do Nordeste vociferavam pelas suas rupestres flautas.

A origem dos pífanos remonta aos beduínos orientais e berberes norte-africanos, que legaram aos colonizadores nos 800 anos de dominação na Ibéria este formato, logo copiado por toda Europa.

Até o final da década de 70, se apresentaram na Suíça e pelas capitais brasileiras sendo o destaque do Projeto Pixinguinha, em 74. Só viriam a gravar novamente em 78, pela Continental/Musicolor. Para sobreviver faziam os mais diversos bicos, inclusive camelô.

Influenciariam grupos como Quinteto Violado, Alceu, Valença, Orquestra Armorial e outros. Nunca ficaram ricos e sempre reclamaram que não receberam o justo.

No repertório do grupo, figuravam temas do folclore nordestino -"A briga do cachorro com a onça"- canções próprias,- Bianada na Roça - até temas mais recentes como Feira de Mangaio (de Sivuca e Glorinha Gadelha).

No biênio 79/80 a bandinha assinaria contrato com a Discos Marcus Pereira, selo responsável por um dos melhores documentários em vinil, a série "Música Popular Brasileira", editada em 16 volumes (cada região com quatro volumes) Dois discos foram lançados neste período: "Banda de Pífanos de Caruaru", de 79 e "A Bandinha vai tocar", de 80.

Nos próximos 19 anos a indústria cultural brasileira deixaria o grupo no jejum, restando a eles aparições esporádicas ou vinculadas ao calendário de festas junino.

Quinteto da Paraíba

O Quinteto da Paraíba foi criado em 1989 e desde então, a sua carreira tem sido sublinhada pelo êxito. Este traço se amplia e se adensa a cada CD gravado ( 4 pela Kuarup-Rio de janeiro,1 pela Nimbus Record-Londres ,1 pela Chita -Discos, uma Produção Independente e um CD e DVD em parceria com o cantor e compositor Chico César pela Biscoito Fino) e a cada apresentação em público.

O Grupo que é formado por renomados Instrumentistas da Paraíba, é considerado um dos melhores Ensambles em atuação no Pais e foi apresentado pelo selo Kuarup como : “Uma das melhores surpresas instrumentais do Brasil nos últimos anos,”um quinteto de cordas com técnica de música de câmara e suingue de música popular”. O Quinteto da Paraíba surgiu com a proposta de divulgar a obra de compositores brasileiros, mas é no Nordeste do Brasil que encontra sua mais pura inspiração.

Embaixador desta rica vertente musical, o grupo que é considerado o responsável pelo resgate do Movimento Armorial conquistou méritos da crítica especializada nacional e internacional. A conceituadíssima revista “The Strad” de Londres, enalteceu os valores do Quinteto da Paraíba em matéria especial, assim como as revistas “Gramophone”, ” Classic FM Magazine”, “Repertoire” e “Diápason”, brindaram o grupo com elogiosas criticas.

No Brasil, o Quinteto se tornou conhecido do grande público pela sua participação na trilha sonora do premiadíssimo filme “Central do Brasil” e constantes aparições nas TVs Cultura, Educativa, Senac, Senado e Globo, em Concertos, Workshops e programas ao vivo, assim como pela sua participação nos mais importantes festivais de música do pais. Em 2007 o Quinteto se apresentou junto do cantor e compositor Chico César na abertura dos Jogos Panamericanos, no Estadio do Maracanã no Rio de Janeiro.

O Quinteto da Paraiba já se apresentou na América do Sul ( Chile, Argentina) e Europa ( Austria, Belgica, França, Espanha, Italia, Holanda e Portugal). O Quinteto participou em 2008 da gravação do CD “Labiata” do cantor e compositor Lenine, que teve a faixa “Martelo Bigorna” na trilha da novela “O Caminho das Indias” da Rede Globo. A música “Martelo Bigorna” de Lenine com arranjo de Xisto Medeiros e interpretada pelo Quinteto ganhou o Grammy Latino de 2009.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Jackson do Pandeiro

José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro, nasceu em Alagoa Grande, na Paraíba, em 31 de agosto de 1919. Vindo de uma família de artistas populares – a mãe era cantora de pastoril –, sua história reforça a influência da cultura negra na música nordestina. Jackson é considerado um dos maiores ritmistas da história da MPB. Em 54 anos de carreira, foi responsável, ao lado de Luiz Gonzaga, pela popularização nacional de canções nordestinas.

No início da década de 1940, mudou-se para João Pessoa, onde tocou em cabarés e depois na Rádio Tabajara até 1946. Em 1948, foi trabalhar na Rádio Jornal do Comércio, em Recife.
Lá, por sugestão do diretor do programa, ganhou o nome artístico Jackson, considerado mais sonoro.

Somente em 1953, já com 35 anos, Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso, Sebastiana, que já era uma amostra de suas inovações estéticas, com improvisações de vocalizações com tempo variado. Logo depois, emplacou outro sucesso: Forró em Limoeiro, rojão composto por Edgar Ferreira.

Em Recife, conheceu sua esposa e parceira, Almira Castilho, uma ex-professora que cantava mambo e dançava rumba. Jackson e Almira formavam uma dupla no palco e na vida. A união durou até 1967, quando se desfizeram a parceria e o casamento.

No Rio, apresentou-se nas rádios Tupi e Mayrink Veiga, e foi contratado pela Rádio Nacional. Jackson fez muito sucesso com O Canto da Ema, Chiclete com Banana, Um a Um e Xote de Copacabana. A crítica se encantava com sua facilidade para cantar gêneros musicais variados: baião, coco, samba-coco, rojão e marchinhas de carnaval. Seu primeiro álbum, Sua Majestade - O Rei do Ritmo, saiu em 1954 pela Columbia.

Durante a década de 1950, Jackson e Almira ganharam projeção nacional e começaram a atuar em filmes populares, como Minha sogra é da polícia, Cala a boca Etelvina, Tira a mão daí e Batedor de carteiras.

Com a Tropicália, houve o resgate da música nordestina. Gilberto Gil regravou com sucesso, em 1972, a música Chiclete com Banana. Anos depois regravou também O Canto da Ema e A Cantiga do Sapo. Gal Costa interpretou Sebastiana, e Alceu Valença convidou Jackson para cantar em dupla o coco-elétrico Papagaio do Futuro.

Em 1981, gravou seu último trabalho, pela Polygram, Isso é que é forró. Em 10 de julho de 1982, durante uma excursão no Rio de Janeiro, Jackson do Pandeiro faleceu em decorrência de complicações de uma embolia pulmonar e cerebral.

Discografia:


"Sua Majestade o Rei do Ritmo" (Columbia - 54)
"Jackson do Pandeiro" (Columbia - 55)
"Forró do Jackson" (Columbia - 56)
"Os donos do ritmo"(Copacabana - 58)
"A tuba de muié" (Copacabana - 61)
"O Cabra da Peste" (Copacabana - 63)
"Sina de Cigarra"(CBS - 72)
"Se tem mulher tô lá" (Chantecler -74)
"Um nordestino alegre" (Chantecler - 76)
"Nossas raízes" (Chantecler - 79)
"Isso é que é forró" (Polygram - 81)

Trio Nordestino

O Trio Nordestino é um trio de forró iniciado em 1958 em Salvador, na Bahia.

O trio foi criado após a separação do grupo que acompanhava Luiz Gonzaga.
 Miudinho e Zito Borborema, junto com o talento promissor de Dominguinhos (este apresentado por Luiz Gonzaga), formaram o Trio Nordestino original. Mais tarde se consolidou com a ajuda de Coroné, Cobrinha e Lindu.
O Trio Nordestino original foi formado no início de 1958 por Lindú (voz e sanfona), Coroné (zabumba) e Cobrinha (triângulo).
 Na época, tiveram a ajuda do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. O nome Trio Nordestino foi dado por Helena, esposa de Luiz. Este foi o Trio Nordestino original, seguido depois por todas as variações do trio comentadas neste artigo até a formação atual.

Fazendo o circuito de casas noturnas de Salvador, quando estavam trabalhando para a boate Clock, conheceram o recém-contratado Gordurinha, músico e compositor que iria abrir as portas do Rio de Janeiro. Com a promessa de gravar um disco, Gordurinha levou-os a Odeon Records e a RCA, onde não tiveram oportunidade.
Numa nova tentativa, desta vez na Copacabana Discos, passaram no teste dirigido por Nazareno de Brito. Contratados, gravariam dali a dez dias um álbum completo com 12 músicas.

Em busca do sucesso, o Trio resolveu tentar uma participação no famoso programa O Trabalhador Se Diverte, da Rádio Mayrink Veiga, comandado por Raimundo Nobre.
Ao chegarem no auditório do programa, encontram Luiz Gonzaga e imediatamente lhe pedem para que mostre o caminho das pedras no Rio de Janeiro. Gonzagão se recusa a dar ajuda e continua a ensaiar.
Frustrados com o ídolo, apelam para Raimundo que, depois da insistência de Gordurinha, concordou com a apresentação de apenas uma música, "Carta a Maceió", sucesso instantâneo entre o público do auditório, que aplaudia com fervor pedindo bis.
A partir daí tudo mudou; Raimundo pediu à Ângela Maria, a atração seguinte, que cedesse para o Trio Nordestino cinco dos seus dez minutos de apresentação.
Ela, que tinha adorado "Carta a Maceió", aceitou o pedido e transformou-se na madrinha do Trio, que pôde apresentar mais dois números.
Isso garantiu um contrato com a rádio para se apresentarem em programas ao lado da própria Ângela e de artistas como Luiz Gonzaga e Nelson Gonçalves.

Com o sucesso da canção e de "Chupando gelo", presentes no primeiro disco, o Trio passou a gravar um LP por ano, lançando vários sucessos. Famosos, partiram para o Nordeste junto com Luiz Gonzaga por 75 dias, para fazer a propaganda de uma marca de cachaça.
Foi nessa ocasião que, jantando no Recife, Gonzagão relembrou o pedido de ajuda feito pelo Trio no auditório da Rádio Mayrink e disse: Se eu tivesse ajudado, vocês teriam se acomodado e hoje não teriam alcançado a marca de vendas que ultrapassa a minha.
Desde então Gonzagão passou a ajudá-los e uma longa amizade foi selada.
Depois de 11 obras na Copacabana Discos, migraram para a CBS em 1967.
Em 1969, Lindú sofreu um acidente de carro que requeria mais de um ano de tratamento.
Mesmo assim, a nova gravadora resolveu dar continuidade ao trabalho, levando o sanfoneiro de ambulância para os estúdios de gravação.
Em 1970 saiu o disco com a música "Procurando tu", de Antônio Barros, que se transformou no maior sucesso do Trio Nordestino, alavancando mais de 1 milhão de cópias vendidas e levando-os das paradas sertanejas para as rádios dos mais diversos segmentos em todo o país. O sucesso nacional levou o Trio a permanecer no primeiro lugar do programa Sílvio Santos, na TV, durante 90 dias e a receber da CBS o troféu Chico Viola pelo segundo lugar na vendagem de discos de 1970. O primeiro lugar foi de Roberto Carlos.

O sucesso continuou durante toda a década e trouxe Luiz Gonzaga e o forró de volta às principais rádios. Ainda foram responsáveis pelo enriquecimento do ritmo, introduzindo no forró de raiz (zabumba, triângulo, sanfona) uma segunda sanfona e a bateria. Em 1982, já de volta à Copacabana Discos, Lindú morre devido a uma insuficiência renal. Decididos a continuar com o forró, em nome de um pacto feito quando tinham acabado de formar o Trio Nordestino, Coroné e Cobrinha encontram em Genaro o substituto para o sanfoneiro.
Assim atravessaram a década de 80, até a saída de Genaro, no início dos anos 90, sendo substituído por Beto Souza, afilhado de Lindú. Em 1994, o Trio Nordestino sofreu outra baixa. Dessa vez, um câncer de intestino levou Cobrinha e seu triângulo. Deprimido, Coroné quase abandona a zabumba. Porém, um sonho e a lembrança do pacto feito há mais de 30 anos em nome do forró, o manteve na estrada. O substituto de Cobrinha foi encontrado em Luís Mário, que outrora era adepto do rock, mas que herdou a voz e o talento do pai, Lindú, e se bandeou de vez para o forró.

Pouco tempo depois, em 2000, confirmando a profecia de Gonzagão quando estava perto da morte, o forró voltou a ser sucesso nacional, alavancado por Gilberto Gil e os hits da trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles e com o surgimento de grupos novos como o Falamansa e o Forróçacana. Isso permitiu que o Trio Nordestino voltasse às paradas com sua nova formação, prestigiada por um público renovado e jovem. Levados pela nova onda, foram quatro vezes à Europa, onde fizeram concorridos shows em Paris, no famoso restaurante Favela Chic, e em Londres, por intermédio do Bar do Luiz, frequentado pela colônia brasileira.

Em 2017, o álbum Trio Nordestino Canta o Nordeste foi indicado ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Álbum de Raizes Brasileiras.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Dominguinhos

José Domingos de Morais (Garanhuns, 12 de fevereiro de 1941 — São Paulo, 23 de julho de 2013), conhecido como Dominguinhos, foi um instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Teve em sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz.
José Domingos de Morais nasceu na cidade de Garanhuns, agreste pernambucano, oriundo de uma família humilde e numerosa, eram ao todo dezesseis irmãos. O pai, "mestre Chicão", era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas e sua mãe era conhecida como "dona Mariinha", ambos alagoanos.
Desde menino José Domingos já se interessava por música, por influência do pai, que lhe deu de presente uma sanfona de oito baixos. Aos seis anos de idade aprendeu a tocar o instrumento e começou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro, junto com dois de seus irmãos, Moraes e Valdomiro, formando o trio Os Três Pinguins. No início da formação, tocava triângulo e pandeiro, passando depois a tocar sanfona. Praticava o instrumento por horas a fio e tornou-se um exímio "sanfoneiro", passando a ser conhecido em Garanhuns como "Neném do acordeon".{{Nota de rodapé|O nome artístico "Dominguinhos" só lhe seria dado por Luiz Fernando em 1957, já no Rio de Janeiro.
Conheceu Luiz Gonzaga quando tocava no hotel em que este estava hospedado, em Garanhuns. O nome do hotel era Tavares Correia e o trio, que sempre tocava na porta, foi convidado naquele dia a tocar dentro do hotel para Gonzaga e seus acompanhantes.
Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro, onde morava. Essa viagem aconteceria anos mais tarde, pois algum tempo depois deste encontro, em 1948, Neném do acordeon foi para Recife estudar.
Alguns anos depois, em 1954, seu pai decide ir para o Rio de Janeiro procurar Gonzaga, devido às dificuldades que passavam em Garanhuns. Junto com o pai, foi também o menino Neném do acordeon, então com treze anos de idade, numa viagem de pau de arara que durou onze dias. Foram morar em Nilópolis, onde já estava o seu irmão Moraes.
Em pouco tempo foram procurar Luiz Gonzaga, que morava no bairro do Méier, zona norte do Rio de Janeiro. Este deu-lhe de presente uma sanfona de oitenta baixos logo neste primeiro encontro. A partir de então, o menino passou a frequentar a casa de Gonzaga, o acompanhando em shows, ensaios e gravações.
Nos anos seguintes, o menino que ainda era conhecido como Neném do acordeon, passou a participar de programas de rádio e se apresentar em casas noturnas, aprendendo outros estilos de música, como o chorinho, samba e outros estilos da época.
Somente em 1957, receberia o nome artístico de Dominguinhos dado pelo próprio Gonzaga. Neste mesmo ano faz sua primeira gravação profissional, tocando sanfona na música Moça de feira, com seu famoso padrinho artístico.
De 1957 a 1958, integra a primeira formação do grupo de forró Trio Nordestino, ao lado de Miudinho e Zito Borborema, que haviam deixado o grupo que acompanhava Gonzaga. Neste mesmo ano de 1958 casa-se com Janete, sua primeira mulher. Deste casamento nascem os filhos Mauro e Madeleine.
Depois de deixar o Trio Nordestino em 1958, continuou a se apresentar em programas de rádio e casas noturnas, até gravar seu primeiro disco, o LP Fim de festa em 1964.
Depois de mais dois discos gravados, volta a integrar o grupo de Gonzaga em 1967, viajando pelo nordeste e dividindo as funções de sanfoneiro e motorista. Em uma dessas viagens, naquele mesmo ano, conhece uma cantora de forró, a pernambucana Anastácia, com quem compôs mais de 200 canções, inclusive um de seus maiores sucessos, Eu só quero um xodó, em uma parceria que durou onze anos.
Anastácia revelou em 2013 que se arrependeu de ter destruído 150 fitas cassete com melodias inéditas de Dominguinhos, depois de ter sido abandonada por ele.
A sua integração ao grupo de Luiz Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador, aproximando-se de artistas consagrados dos movimentos bossa nova e MPB, nos anos 70 e 80. Fez trabalhos junto a músicos de renome, como Nara Leão, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Chico Buarque e Toquinho.
Acabou por se consolidar em uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa nova, jazz e pop.
No final dos anos 70, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, com quem se casa em 1980. Deste casamento, nasceria uma filha, a cantora Livys Morhays.
Em decorrência de um tratamento contra um câncer de pulmão, que já durava seis anos, Dominguinhos teve problemas relacionados a arritmia cardíaca e infecção respiratória e foi internado no Recife em dezembro de 2012. Um mês depois foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. No decorrer dos meses seguintes seu quadro se agravou, tendo sofrido várias paradas cardíacas. Em março seu filho Mauro declarou à imprensa que o cantor não deveria mais retornar do coma em que se encontrava, informação não confirmada pelos médicos, que, segundo os boletins divulgados, afirmavam que Dominguinhos estava minimamente consciente e apresentava leve quadro de melhora.
Em 13 de julho, o cantor deixou a UTI, mas ainda permaneceu internado, com quadro considerado estável.
Com um novo agravamento no seu quadro, voltou para a UTI, onde morreu às 18h do dia 23 de julho de 2013, após sofrer complicações infecciosas e cardíacas.
Devido a uma disputa judicial entre seus familiares, quanto ao local do sepultamento, o corpo de Dominguinhos teve dois sepultamentos. O primeiro foi no Cemitério Morada da Paz em Paulista, Região Metropolitana do Recife, no dia 25 de julho de 2013.
Dois meses depois, em 26 de setembro, seu corpo foi transferido para Garanhuns, onde houve um novo sepultamento no mesmo dia, no Cemitério São Miguel. O desejo de Dominguinhos era ser sepultado na sua terra natal.

Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 — Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o "rei do baião".
Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos, ele se apaixonou por Nazarena, uma moça da região e, repelido pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, ameaçou-o de morte. Januário e Santana lhe deram uma surra por isso. Revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. Dele, recebeu importantes lições musicais.
Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Até que, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe (A primeira música que gravou em 78 rpm; disco de 78 rotações por minuto), um tema de sabor regional, de sua autoria. Veio daí a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional.
Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.
Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça - iniciado provavelmente quando ela já estava grávida - e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista.
Em 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até perto do fim da vida de "Lua". E com ela teve outro filho que Lua a Chamava de Rosinha.
Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu vítima de parada cárdio-respiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e posteriormente sepultado em seu município natal. Sua música mais famosa é Asa Branca.

Maria Bethânia

18 de junho
1946, nasceu Maria Bethânia Viana Teles Veloso

Ela se chama Maria Bethânia porque seu irmão, Caetano Veloso, gostava muito de uma canção do mesmo nome, interpretada por Nelson Gonçalves: “...tu és para mim a senhora do engenho e em sonhos te vejo, Maria Bethânia és tudo o que tenho...”.

Quando criança, queria ser atriz.

Mas, porque Nara Leão ficou gripada, ela teve seu primeiro sucesso, como cantora, nos palcos do antológico show “Opinião”, substituindo Nara, em 13 de fevereiro de 1965.

De lá para cá, foi apenas sucesso. É a cantora da música brasileira com mais discos vendidos: 26 milhões.
Maria Bethânia Viana Teles Veloso nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no dia 18 de junho de 1946. É a sexta filha do funcionário público dos Correios, José Teles Veloso e de Claudionor Viana, a dona Canô.
No começo da carreira participou de shows amadores com Tom Ze, Gal Costa, Caetano e Gil, que estavam todos tentando se profissionalizar.
Em 1963, cantou na peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues.
Mas a data oficial de sua estréia é mesmo no Opinião, substituindo Nara, em fevereiro de 1965. Neste mesmo ano gravou seu primeiro disco e estourou com a música Cárcara.
Vieram inúmeros discos e sucessos e Bethânia inovou nos palcos, fazendo shows entremeados com poemas e trechos de textos da literatura, uma fórmula que agradou muito ao público e, quase sempre, se transformou em discos gravados ao vivo.
Foi ela quem inventou o grupo Doces Bárbaros, em 1976, do qual fazia parte ao lado de Gil, Caetano e Gal. O disco do grupo acabou virando tema de filme, DVD, enredo da Mangueira em 1994 e até uma apresentação especial para a rainha da Inglaterra.
Em 1978 foi a primeira cantora brasileira a vender mais de um milhão de cópias de um único disco: Álibi.
Repetiu a façanha em 1993, com o disco As Canções que Você Fez pra Mim, onde canta composições da dupla Roberto e Erasmo Carlos.
Alguns de seus shows estão entre os mais importantes da história da nossa música, como Rosa dos Ventos, de 1971.
Chico Buarque, Caetano, Gil, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Noel Rosa, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Jorge Portugal, Roberto Mendes e Roberto e Erasmo Carlos são os compositores que ela mais gravou. Roberto Carlos a chama de “minha rainha”.
Em 2001, quando já vendera quase 20 milhões de discos, Bethânia deixou as grandes gravadoras, onde sempre atuara, para ir para a independente Biscoito Fino, de Olivia Hime.
Em 2003, monta sua própria gravadora – Quitanda – para poder gravar, sem se preocupar com os aspectos comerciais, o que realmente deseja cantar e, ainda, lançar novos artistas.
Bethânia é também diretora, já tendo dirigido espetáculos com Caetano e com Alcione.
Em 2005, foi tema de filme documentário: Música É Perfume.
Em 2006, ganhou, pelo terceiro ano consecutivo, o prêmio Tim de música, com três prêmios: Melhor cantora, melhor DVD (Tempo Tempo Tempo Tempo) e melhor disco (Que Falta Você me Faz, uma homenagem a Vincius).
Seus dois últimos discos foram lançados simultaneamente: Pirata, onde canta os rios do interior e Mar de Sophia, onde canta o mar em versos da poeta portuguesa Shopia Breyner. O espetáculo de lançamento tem o título Dentro do Mar Tem Rio, com direção de Bia Lessa e roteiro de Fauzi Arap, que acompanha a cantora desde o show Rosa dos Ventos, de 1971.